Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo – 2024

 

“Os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. ”

Hoje celebramos o cumprimento de uma profecia

 

Por que no Natal os teatros, as artes e as canções lembram apenas o nascimento de Jesus? Embora, nesta noite, nós não lembramos apenas o nascimento de Jesus, mas sim o cumprimento de uma profecia, que para nós não se trata de algo que aconteceu apenas no passar de mais de 2 mil anos.

 

No entanto, se trata de um encontro definitivo de Deus com a história, com a vida humana, ou seja, um encontro que transformou para sempre as vidas de quem reconhece que Cristo é o rei de suas vidas.

 

O que os teatros, as artes e os cantos buscam fazer, com toda a Igreja militante, é celebrar a alegria de uma profecia. Hoje, na cidade de Davi, nasceu para nós um Salvador, é Cristo o Senhor, sendo filho de uma história, de um projeto de Deus representado por Davi, filho de Abraão como todos nós.

 

Somos alcançados na nossa história pela encarnação do verbo de Deus que se faz gente. Cristo é o salvador porque veio para redimir os nossos pecados, para cumprir de uma vez por todas o que era tão esperado, mas de uma maneira decepcionante aos olhos dos judeus.

 

Deus escolheu habitar na vida frágil, real e instável

 

Cristo é o Messias, prometido, sonhado e esperado, que finalmente chegou para nunca mais nos abandonar. Deus conosco é Senhor e Deus tão homem e tão divino, infinito e eterno que mergulhou na mortalidade humana para nos salvar do pecado.

 

Por que nas famílias, normalmente, nas histórias comuns e habituais, as crianças nascem protegidas, amparadas e acolhidas? Porém, por que nesta noite vimos uma criança nascer excluída, insalubre, envolta de animais e abandonada pela sociedade que ela escolheu habitar?

 

Porque Deus escolheu habitar na vida frágil, real e instável representada naquele presépio, ou seja, o Messias às avessas das expectativas dos judeus que aguardavam um militar nascido em berço de ouro.

 

Porque o salvador escolheu o lado dos pequenos, dos injustiçados, e dos excluídos, separados por muros que a sociedade constrói por não terem a oferecer o que os poderosos exigem.  E pensar que, enquanto os poderosos não deixam os pequeninos participarem de suas festas, aqueles serão excluídos da festa eterna no céu.

 

Os pastores se alegram com a voz do céu que canta glória

 

Por que os pastores não são ouvidos e não são vozes a serem consideradas, e nesta noite, são os primeiros a se alegrarem com a voz do céu que canta glória e anuncia a chegada do Messias? E por que nesta noite os pastores são diferentes, mesmo sendo impuros e pecadores, homens da noite e misturados com aquilo que não vale a pena para os “puros” e donos da verdade?

 

Porque vimos no evangelho a narrativa começar por César, o grande imperador, e passar pelo governador. Estes poderosos não viram nada, não souberam de nada e não experimentaram nada. Já, o casal de Nazaré, naquela estrebaria, e os pastores na sua impureza e pequenez, viram tudo, experimentaram tudo, a glória de Deus e a paz na terra junto aos homens. A glória é o projeto restaurador de Deus encarnado.

 

Para isso, os pastores são testemunhas oculares e experienciais. Não tenhamos medo, ouçamos dos pastores este convite carinhoso e terno dos anjos novamente nesta noite. Deus resolveu todas as coisas para nós ao dizermos sim a esse menino tão pobre materialmente, mas tão rico divinamente que na sua fragilidade nos resgatou da morte.

 

Por que os reis nascem em grandes e ricos palácios, assim como em grandes cidades e, nesta noite, celebramos um rei que nasceu precariamente e em uma cidade tão pequena, considerada uma vila e enfaixado com retalhos porque nem roupa tinha?

 

Jesus é Rei para aqueles que creem e dizem sim a Deus

 

Porque este Rei traz uma nova ordem das coisas de Deus para a humanidade, do grande para o pequeno, do céu rumo à Terra e da cidade para um curral. Do templo solene, brilhante e rico para o campo onde estão os pastores. É a história refeita e reconstruída a ser testemunhada e atualizada hoje e sempre por aqueles que creem.

 

Olhem bem para a imagem do presépio de forma serena, é uma imagem desastrosa por um lado, excludente e rústica. Convido-os, a partir dela, a um pensamento e a um sentimento de conversão, para tomarmos consciência do que estamos fazendo de errado para não sermos excluídos no banquete do céu.

 

Deus nos convida a recomeçarmos de baixo para cima, na nossa própria condição e acolher os mais frágeis, independente de adultos, crianças, idosos, brancos, negros, amarelos e vermelhos; com sentimento de entusiasmo (dentro de Deus) e esperança. 

 

Ao dizermos sim a este menino, teremos a certeza de produzir frutos em nossas vidas e nas vidas de nossos irmãos a partir da celebração da alegria deste Natal. Peçamos que o Senhor faça repercutir no íntimo de nossos corações a força daquela manjedoura, para que demos testemunhos das consequências deste sim.

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Artigo baseado na homilia de
Frei Guilherme Pereira Anselmo Jr.
Diocese de Campo Limpo
São Paulo – SP

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