A Gratidão | 29º Domingo do Tempo Comum – 2024
“Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda.”
Deus espera a nossa gratidão
Devemos saber orar e não somente pedir, mas, em primeiro lugar, agradecer pela nossa vida, pela nossa saúde, pela família, trabalho, lar, educação etc. No evangelho deste domingo, João e Tiago foram pedir algo desnecessário a Jesus, pedir que se sentassem ao lado Dele quando estiverem com Ele na glória de Deus.
Jesus lhes respondeu que não cabe a Ele tomar esse tipo de decisão, pois somente o Pai quem poderia decidir isso, porém, Jesus lhes afirmou que poderiam beber de seu cálice, assim como serem batizados com o mesmo batismo na cruz.
Infelizmente, Deus não concede a nós tudo o que pedimos porque Ele sabe que nem tudo é o melhor para nós, por isso devemos pedir discernimento ao Espírito Santo para entendermos a vontade de Deus, aceitá-la e, ao mesmo tempo, sermos gratos e compartilharmos o que temos com aqueles que não têm.
Os discípulos ainda pensavam que Jesus seria o libertador da opressão romana e quem iria destruir todos os inimigos de Israel. Na verdade, a lógica de Jesus está em servir, ou seja, quem quiser ser o primeiro que seja o último e sirva, pois isso mostra que a dinâmica do Reino de Deus é diferente da dinâmica do mundo.
Jesus nos ensina que devemos servir
Muitas vezes agimos como Tiago e João, não no sentido literal, mas de alguma forma, pedindo a Deus algo desnecessário. Os outros discípulos, ao saberem do pedido feito a Jesus, ficaram enciumados porque também queriam sentar-se ao seu lado em sua Glória.
E com isso Jesus lhes ensina o significado do cristianismo, ou seja, o cristão é aquele que serve e, ao mesmo tempo, acolhe e perdoa. Da mesma forma, Jesus não veio para ser servido, mas sim para servir. Como um casal pode servir um ao outro? E como os pais podem servir a seus filhos e vice-versa? Na obediência, no amor, na responsabilidade, no carinho, no companheirismo, no diálogo e na oração.
Não há maior amor do que aquele que dá a vida pelo irmão, portanto dar a vida é colocar-se a serviço do outro. No mundo atual, caracterizado por uma sociedade que valoriza a rapidez e a urgência, os seres humanos acabam perdendo importantes laços de amizade e de família. Isso é evidente em muitos lares onde maridos não encontram tempo para os filhos e esposas não têm tempo para os esposos, e assim por diante.
Nossas agendas estão superlotadas e isto vai nos afastando das pessoas. Além disso, precisamos ter tempo para o Senhor, orando todos os dias e participando das missas dominicais.
A caridade é um ato de gratidão
No fundo, ser cristão é dar tempo ao outro. É muito importante o passeio em família, mas também é importante que eventualmente os pais deixem seus filhos com os avós, ou algum parente para terem um momento a dois. Às vezes damos o nosso melhor para fazemos muito para nós, mas pouco para o outro.
E isso de nada adianta porque não foi feito com amor, pior ainda se foi feito com segundas intenções. Entre nós cristãos não deve ser assim, isto é, permitir que o mundo nos tiranize ao ponto de a nossa vida ser um peditório de coisas desnecessárias.
Tiago morreu degolado, João morreu de velhice na prisão, mas deram suas vidas pelo próximo, e com isso certamente vivenciaram a glória ao lado de Jesus, ou seja, não gastaram suas energias com aquilo que não nos leva à salvação.
Jesus espera de nós o sim para Ele e para o outro, pois a melhor oração é a caridade, se doar pelo irmão é um ato de caridade, e a maior caridade é levar a palavra de Deus às pessoas para conhecerem Jesus Cristo.
A caridade deve andar juntamente com a pregação, pois a maior graça que podemos receber ocorre quando oferecemos esmola a um mendigo e, em troca, ele nos oferece o que tem de mais valioso, sua bênção.
Somos missionários e missionárias, fomos chamados a falar de Deus e dar testemunho das maravilhas que Ele faz em nossas vidas. Peçamos a Deus que Ele nos dê o dom da gratidão. “Que poderei oferecer ao Senhor por tudo aquilo que ele me deu?” A missa é Eucaristia que significa, no grego, gratidão (ação de graças) por tudo aquilo que Ele nos fez.
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Artigo baseado na homilia de
Padre Manoel Corrêa Viana Neto
Diocese de Campo Limpo,
São Paulo – SP.